Os pedidos de recuperação judicial por produtores rurais dispararam no Brasil no ano passado, reflexo, sobretudo, das dificuldades financeiras por conta da alta de custos e de perdas nas lavouras afetadas por intempéries. E a expectativa é que esse recurso continue em alta em 2024.
Foram 80 pedidos entre janeiro e setembro de 2023, segundo os dados mais recentes da Serasa Experian. Em comparação a todo o ano de 2022, quando houve 20 pedidos, a alta foi de 300%. Os produtores rurais são a única categoria de pessoa física que pode recorrer a essa alternativa, dado o alto nível de risco da atividade.
O agricultor Junior Diehl foi um deles. Ele viu o desequilíbrio de suas dívidas após uma quebra de safra que o levou a recorrer ao instrumento. Diehl acredita que, nesta temporada, muitos produtores de Mato Grosso devam atravessar dificuldades semelhantes. O motivo é a combinação entre patamar ainda alto de custo com insumos, queda no preço da soja e condição climática adversa.
“Cerca de 20% a 30% dos produtores do Estado, hoje, estão se encaminhando para o mesmo problema que a gente teve. Se não entrasse em recuperação judicial, eu ia perder tudo”, afirma o produtor em entrevista à Globo Rural.