A morte da pequena Manuelle Tecchio, de apenas 3 anos, trouxe à tona um novo escândalo envolvendo o ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues. De acordo com o vereador Mario Sugizaki (Podemos), em sessão ordinária na Câmara de Sinop (500 km da Capital), Célio seria o verdadeiro dono da empresa Vida e Sorriso Clínica Médica Odontológica, empresa responsável por fazer a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) onde a criança morreu no dia 8 de março.
Manuelle, que é sobrinha do apresentador Wésllen Teccio, do programa Balanço Geral (TV Vila Real), morreu após dar entrada na unidade com tosse seca e três horas depois teve quatro paradas cardíacas e morreu. O pai da pequena compareceu à sessão e presenciou toda a denúncia de Sugizaki.
Com cartazes e gritos de ordem, ele pedia justiça pela filha. A Prefeitura de Sinop determinou ao Instituto de Gestão de Políticas Públicas que faz a gestão da unidade, a abertura, imediata, de uma sindicância para apurar o atendimento e os protocolos adotados que envolveram a morte da paciente, na Unidade de Pronto Atendimento.
A médica que administrou a medicação na menina foi afastada. Nesta segunda-feira (13), o parlamentar usou a Tribuna da Câmara dos Vereadores para denunciar o caso.
De acordo com o legislador, durante uma CPI aberta para investigar o Instituto Social Saúde Resgate a Vida, realizada pelos vereadores em 2022, foi descoberto que o instituto possuía um contrato de R$ 2,5 milhões com o município. No entanto, recebia mais de R$ 4 milhões.
Ao abrir a CPI, o contrato foi anulado e deu lugar ao Instituto de Gestão de Políticas Públicas (IGPP) que contratou a empresa Vida e Sorriso Clínica Médica Odontológica, que teria ligações com Célio Rodrigues. “Eu pedi a ata da diretoria, os nomes, os contatos, ainda ano passado, porque não está disponível no Portal da Transparência e até agora não recebemos. Um contrato de R$ 5 milhões por mês mais o aditivo que tem agora, quase R$ 6 milhões, mais do que o dobro do que o anterior”, disse Sugizaki ao explicar o contrato.
O vereador detalha que, nesse período de contratação, mais três Unidades Básicas de Saúdes (UBS) passaram a ser atendidas pelo IGPP. Contudo, segundo ele, há falta de profissionais da saúde e odontologia nesses locais.
Ainda segundo o parlamentar, anteriormente todos os médicos tinham que fazer notas de prestação de serviços para o ISSRV, mas com a gestão do IGPP os serviços eram feitos por outra empresa, a Medclin, com um contrato de R$ 2,5 milhões. “Acho que seria bom a gente entender o que está acontecendo. A empresa de R$ 2 milhões para contratar médicos e ambulâncias. Essa empresa saiu em janeiro. Interessante que em fevereiro os holerites foram emitidos pela Medclin, mas nem é mais essa empresa. Agora é a empresa Vida e Sorriso Clínica Médica Odontológica. Eles que pagaram em fevereiro, mas o holerite saiu no nome da outra empresa (Medclin), como assim? Como isso pode acontecer?”, indagou o parlamentar.
Em seguida, o parlamentar revela que o proprietário da empresa estava preso até a semana passada em decorrência da “Operação Hypnos” e só foi solto por decisão do Superior Tribunal de Justiça. “Por que ele estava preso? Como que a prefeitura contrata um prestador de serviços que desviou mais de R$ 100 milhões do município de Cuiabá? Por isso que ele foi preso e mesmo assim está aqui prestando serviço pra IGPP”, disparou.
Célio Rodrigues foi preso na Operação Hypnos no dia 9 de fevereiro pela Polícia Civil, através da Delegacia de Combate a Corrupção (Decor) em nova operação de combate às fraudes e corrupção na Saúde pública de Cuiabá. Em outubro de 2021, Célio chegou a ser preso pela Polícia Federal na “Operação Cupincha” suspeito dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Á época, a PF apontou que um grupo ligado ao ex-secretário faturou ilegalmente cerca de R$ 100 milhões entre 2019 e 2021 na saúde de Cuiabá.
FOLHA MAX
