A trajetória do estudante Rafael Douglas de Matos, de 25 anos, do Curso de Ciências da Computação na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, não se assemelha nem de longe à de qualquer outro aluno da instituição. Ele é excepcional.
”Meu sonho é dar uma vida melhor para minha mãe”
Com tetraplegia espástica devido a uma paralisia cerebral, Rafael nunca chegou a desenvolver a fala e, mesmo com todas as adversidades de uma vida sem recursos financeiros ou qualquer tipo de acessibilidade para a sua condição, ele foi o primeiro da família a ingressar no ensino superior.
Escrevendo com os dedos dos pés em um teclado posicionado sobre uma estrutura improvisada, ele revela o seu maior sonho e diz estar muito feliz com a conquista. “Meu sonho é dar uma vida melhor para minha mãe”, disse ele.
A diarista Carmem, mãe do rapaz, diz que o sentimento é de felicidade, realização e orgulho.
Carmem conta que o filho fez sozinho a inscrição para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e o Sisu, e só depois a chamou para contar sobre a notícia.
“Ele fez a prova e, quando saiu o Sisu, ele mesmo fez a inscrição todinha sozinho. Ele foi aprovado na única vaga”, afirmou Carmem toda orgulhosa da conquista do filho.
Rafael é o mais velho de seis irmãos e, ao lado da mãe, ultrapassou incontáveis desafios desde que nasceu até conquistar a tão concorrida e sonhada vaga em uma “federal”.
Desafios dos primeiros anos
O sofrimento da família começou bem antes do diagnóstico. “Passei muito sufoco até descobrir que ele tinha mesmo a deficiência”.
Rafael foi o primeiro da família a ingressar em uma universidade
Carmem conta que precisava andar cerca de 8 quilômetros até a Apae (Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais) mais próxima para as sessões de fisioterapia. “Andava a pé com ele em cima da barriga. Só eu, Deus e meu filho”, disse.
Rafael teve uma febre alta, de 40 graus, com apenas três dias de vida. “Depois disso os movimentos dele eram bruscos e ele ficava todo mole, não engatinhava, não sentava. Eu fui atrás de médicos para ver se descobriam o que estava acontecendo”.
Com a sequência de exames, veio a descoberta de que a paralisia cerebral afetou a parte do cérebro responsável pelo movimento e a fala do rapaz, condição essa que não o parou.
“Na alfabetização foi difícil, ele não tinha nenhum instrumento, aí eu dei um celularzinho e ele aprendeu sozinho a conhecer as letras e digitar. Futricava em tudo”, relembra Carmem.
Mesmo com a deficiência, Rafael conseguia acompanhar os demais colegas de escola.
“Na hora da prova, ele tinha que fazer sozinho se não passava cola para os colegas. Ele terminou o terceiro ano dele em 2017”, afirma Carmem.
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