Uma mãe, que teve a identidade preservada, chorou ao contar que chegou a punir a filha por duvidar das agressões sofridas em um berçário de Sorriso. Os proprietários da creche foram presos no dia 14 de abril e são investigados pelos crimes de tortura com castigo, tortura por omissão, ameaça e perseguição.
“Puni minha filha achando que ela mentia. E, a tia no dia que fui perguntar sobre o que minha menina falou a tia do berçário falou: você não tem vergonha de mentir para sua mãe? Eu acabei acreditando na mulher mesmo minha filha falando que fez xixi na roupa porque a professora não queria levar ela no banheiro. Ela também acordava de madrugada e não dormia mais com medo do local porque falava que ficava em um quarto escuro quando era punida na creche”, disse a mãe durante entrevista ao programa Balanço Geral, da TV Sorriso.
O fato foi descoberto depois que uma amiga da filha foi passar uma tarde no local para comemorar o aniversário da menina. Nisso, a diretora teria ficado doente e esqueceu de comunicar que no local teria uma visita.
“Como não foi informado da visitante, tocaram a vida normal com as agressões e punições. Daí no fim do dia fui buscar minha filha e a amiga dela contou para sua mãe, que também é amiga, de tudo que ocorreu. Foi quando eu liguei uma coisa na outra lembrando que minha filha já tinha falado que a professora dela teria a beliscado e puxado seu cabelo. Nas brincadeiras dela também ela sempre pegava a boneca e chacoalhava e a gente achava estranho porque nunca agimos assim com ela. Com isso, denunciamos o caso”, chorou a mãe ao lembrar as agressões da filha.
Ainda segundo a mãe, ao procurar uma ex-professora do local que cuidava da filha dela, para saber detalhes do que ocorria no local, a mulher contou que a proprietária do local dava remédios para as crianças ficarem quietas para o marido dela dormir. E quando as crianças choravam ela pedia que as professoras levassem as crianças para ela corrigir.
“Ela mesmo batia porque disse que se acontecesse alguma coisa colocava o peito e assumia. E, ainda falava que batia para educar”, detalhou. Por fim, a defesa dos proprietários do berçário disse que deve pedir a liberdade provisória do casal, já que, segundo a defesa, as fotos que foram inseridas no processo “não demonstram que as agressões teriam sido provocadas no local e estariam fora de contexto”.
Denúncias
Há meses, a Polícia Civil recebeu denúncias e instaurou investigação para apurar situações que apontam fatos graves de abusos físicos e emocionais contra as crianças. Entre as agressões narradas pelas testemunhas há relatos de tapas nas nádegas e na boca, mordidas, puxões, golpes com raquetes, empurrões e beliscões contra as vítimas. A alegação era de que os atos serviam para disciplinar as crianças. Mas, as agressões eram imputadas a outras crianças, pela proprietária da creche, quando questionada pelos pais.
Cantinho do Pensamento
Além disso, testemunhas e uma das vítimas relataram a existência de um “cantinho do pensamento”, que consistia em um corredor escuro, que dava acesso ao quarto da proprietária, onde ela trancava as crianças que se comportavam mal e as deixava sozinhas, por até duas horas. Testemunhas contaram ainda ter sofrido ameaças de morte do proprietário do estabelecimento. Diante das informações coletadas na apuração, a delegada Jéssica Assis representou pela prisão preventiva dos investigados, que foi deferida pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Sorriso.
FOLHA MAX