Dez meses se passaram desde a morte do domador de cavalos Everton Marcelo dos Passos e a família segue sem entender como ele pôde ter sido morto de uma forma tão cruel. Mas apesar do sofrimento, eles veem com esperança o avanço do prcesso penal contra os acusados pelo crime.
Nada justifica, se foi briga ou o que foi para fazerem uma coisa tão cruel. Brigar todo mundo briga, mas para chegar nesse ponto…
O mecânico Matheus Augusto Drago Schnoor e o médico veterinário Richard Bortolo Júnior vão a júri popular no processo que investiga a morte de Everton. Matheus chegou a confessar a autoria do crime, já a participação de Richard tem versões desencontradas.
Everton foi assassinado na madrugada de 7 de setembro de 2022. Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual, o crime aconteceu após ele se desentender com os dois amigos, com quem havia ido para uma balada em Sorriso. Os três eram naturais de Adamantina (SP).
“Eu sei lá o que aconteceu. Até agora não dá pra entender. Nada justifica, se foi briga ou o que foi para fazerem uma coisa tão cruel. Brigar todo mundo briga, mas para chegar nesse ponto…”, diz o policial penal Anderson Rodrigo dos Passos, irmão de Everton e também morador de Adamantina.
Anderson conta que até o momento não teve – e nem pretende ter – contato com dos dois acusados pelo crime. “Eram de casa, conhecidos antigos que viviam aqui dentro. O Matheus eu peguei no colo, minha mãe trabalhava para a família dele”, conta.
Poucos dias antes do crime acontecer, Everton chegou a mandar mensagens e vídeos para a família dizendo que estava com os “amigos”.
“No sábado ele mandou mensagem para mim dizendo que estava na casa do Richard e na casa do Matheus. Mandou um vídeo para minha mãe: ‘Oh, mãe, com quem eu estou’. Minha mãe ajudou a criar o Matheus, ela trabalhava para a família dele”.
O júri popular da dupla ainda não foi marcado. E apesar de nada trazer Everton de volta para a família, Anderson espera que eles permaneçam presos.
Acabaram com a vida do meu irmão, da minha mãe e acabaram com a vida deles e das famílias deles. Eram de boas famílias
“O que queremos é que eles continuem presos. Justiça, acho que só divina. Acabaram com a vida do meu irmão, da minha mãe e acabaram com a vida deles e das famílias deles. Eram de boas famílias”, disse.
Planos interrompidos
Everton sempre gostou de cavalos e transformou a paixão em profissão.
Ele era domador de cavalos de três tambores, uma das provas favoritas de muitos frequentadores de festas do peão. A modalidade exige velocidade e coordenação motora excepcional.
E foi a profissão que tanto amava que trouxe Everton para Mato Grosso. Essa era a segunda vez que o domador aceitava uma oferta para trabalhar em um haras de Sorriso.
O plano dele, segundo Anderson, era ficar até o final do ano no Estado e retornar para a sua cidade natal. O plano foi interrompido permanentemente com o brutal assassinato.
“Sempre vivendo nessa vida de cavalos desde moleque. Graças a Deus ele estava muito bem profissionalmente. Era a segunda vez que ele ia para essa região. Já fazia uns seis ou sete meses que ele já estava aí, mas ele tinha pretensão de voltar”, disse.
Arquivo pessoal
Everton era domador de cavalo três tambores
Saudade sem fim
Anderson conta que era muito ligado com o único irmão, e que mesmo de longe um sempre estava presente na vida do outro.
“Ele era muito palmeirense e eu também sou. A gente assistia jogo junto, ele lá no rancho e eu em casa. O jogo passando e a gente conversando sobre ele no WhatsApp”, recorda.
“Meu irmão tinha a personalidade forte, mas sempre foi amigo de todo mundo, era muito conhecido aqui na cidade”.
Apesar do tempo que se passou desde a morte de Everton, as marcas de tê-lo perdido de uma forma tão cruel e inexplicável permanecem.
“Minha mãe está sofrendo, passou mal há algumas semanas com um tipo de ansiedade, meio que virando uma depressão, pressão alta etc. Agora melhorou, mas estava muito mal”, afirma.
Com Anderson não foi diferente e até hoje se pega remoendo toda a história
“Sou vigilante e as vezes eu fico muito tempo parado no mesmo lugar. A cabeça da gente fica remoendo o porquê. Se você não tiver o psicológico bom…”
O caso
Segundo as investigações, Everton teria lutado durante uma briga com a dupla e sido agredido até ficar desacordado. Depois de inconsciente, testemunhas afirmam que o domador foi colocado na carroceria de uma caminhonete.
Everton foi golpeado com um canivete no pescoço. O golpe foi do tipo esgorjamento, ou seja, bastante profundo e condizente com princípio de degolamento.
O corpo ainda foi ocultado, só sendo localizado no dia 10 de setembro, em uma região de mata em Ipiranga do Norte.
MÍDIA NEWS
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