Quando viu no olhar da neta o desejo de ser princesa, “Paulista”, como Antônio Araújo gosta de ser chamado, não mediu esforços e fez de uma área, com cerca de 73 hectares, um grande reino e das as pequenas pedras encontradas pela fazenda, um imenso castelo.
Assim começa a história do Castelo da Caixa Furada, erguido às margens da BR-364 em Diamantino (a 200 km de Cuiabá). Construído há cerca de 3 anos ao custo de R$ 2 milhões, a fortaleza de pedras nasceu de uma brincadeira entre amigos.
A área era conhecida pela grande quantidade de pedregulhos, mas isso não impediu “Paulista” de adquirir a propriedade. Ao fazê-la, seus amigos lhe disseram: “Só dá para construir um castelo lá”. E foi isso o que ele fez. Impulsionado pelo desejo da neta de viver um conto de fadas, ele fez o primeiro castelo da região.
A inspiração para o design veio do cinema. Maravilhado por filmes franceses do Vale do Loire, ele esboçou seu primeiro rascunho arquitetônico que veio, em 2020, a se tornar o Castelo da Caixa Furada.
“Eu vi uma vez o desenho em um filme da França. Desse filme eu tracei esse modelo de castelo. Mas ele era baixinho e só tinha o primeiro andar. Aí eu tive que aumentar porque não ia dar uma área boa. Inclusive, tenho a planta de mais outro castelo”, afirma Paulista ao contar sobre suas inspirações para a obra.
O castelo é uma obra em construção. Com cerca de mil metros quadrados, tem três andares, oito suítes e cinco salas, incluindo uma de cinema e um salão de festas. Mas “Paulista” conta que teve que paralisar os trabalhos, pois com a falta de incentivos não há mais verba para investir na fortaleza.
“Para construir, entre pedreiros e ajudantes, tive entre 10 a 15 pessoas. Mas ano passado tive que parar a obra, porque não temos incentivo. Então dificulta pra gente”, diz.
Localizado em meio a uma serra, o castelo é, para “Paulista”, uma homenagem ao Município. O nome ‘Caixa Furada’ remete a uma história conhecida entre os moradores de Diamantino.
A denonimação surgiu de um fato ocorrido em 1901, período revolucionário entre as cidades de Cuiabá e Diamantino. Um dos pontos escolhidos para construção de barricada e observação de tropa inimiga foi o topo da serra. Um vigia diamantinense, encarregado de dar alerta com uso da caixa, bateu com tanta força que rompeu o couro do instrumento.
Dado o resgate histórico no qual o nome do castelo remete, somado à curiosidade que ele desperta, “Paulista” sonhava em colocar a obra na rota turística de Diamantino, mas com a falta de apoio do poder público, o sonho ficou distante.
O futuro
Para “Paulista”, a vista do castelo é digna de elogios. Com áreas bem iluminadas e um cenário encantador, ele pretende colocar o imóvel à venda.
A decisão começou a ganhar força a partir do desinteresse dos familiares em dar continuidade ao Palácio e a falta de apoio para mantê-lo. Segundo “Paulista”, a idade é um dos fatores que contribuem para essa escolha.
“A minha neta é a única que gosta de vir para o castelo. Tenho filhos, mas eles não têm interesses, nem vão visitar. Isso desanima. Eu tinha planos de fazer muitas coisas na obra. Mas já tenho 60 anos e estou cansado”.
O Castelo da Caixa Furada está localizado na BR-163 em Diamantino. A visitação é gratuita, mas segundo “Paulista”, o plano é cobrar a entrada de turistas, para assim conseguir subsídios que o auxiliem nas despesas.
ANDRELINA BRAZ/MÍDIA NEWS