Dois dos cinco policiais presos na Operação Efialtes, em dezembro de 2022, ostentavam uma vida de luxo nas redes sociais com direito a passeios de lancha e festas, com padrões que excediam os rendimentos como servidores públicos. Em decisão que manteve a prisão dos policiais, o juiz Jean Bezerra, da 7ª Vara Criminal, mostra como funcionava a organização criminosa e como cada um deles agia no processo.
Apontado como líder da quadrilha, o policial civil Antônio Mamedes Pinto de Miranda movimentou entre junho de 2021 e maio de 2022 mais de R$ 2,9 milhões em suas contas bancárias. Na movimentação dos valores, eles usavam contas de empresas de fachada como a Madeireira Favo de Mel que pagou a Antônio e a seu sobrinho R$ 834,2 mil.
Mamedes junto com o investigador Sérgio Amâncio da Cruz eram os servidores do Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) que ostentavam nas redes sociais. Eles viviam uma vida incompatível com seus rendimentos “sendo vistos, muitas vezes, ostentando dinheiro, passeando de lanchas no Rio Paraguaia e em festas”, diz trecho da decisão.
Os dois eram do mesmo plantão no Cisc e tiravam os horários de descanso juntos, depois das 23 horas, momento em que aproveitavam para subtrair os entorpecentes apreendidos.
Também foi comprovado o envolvimento do escrivão Paulo Sérgio Gonçalves Alonso, que atuava na Delegacia Especializada de Fronteira (Defron). Segundo as investigações, ele era responsável pela chave que dava acesso à sala cofre, onde ficavam as drogas. Foi constatado ainda que o material ficava por mais dias que o necessário na Drfron para depois ser enviada para depósito no Cisc.
Paulo Sérgio inclusive compareceu à delegacia durante suas férias em 2021 para “verificar” algumas questões relativas à apreensões. Também era de sua responsabilidade separar a droga em lotes para serem incinerados, momento em que ele fazia a troca por tabletes cheios de gesso, areia ou isopor.
Outro policial envolvido da Defron é Ariovaldo Marques de Aguilar, que inclusive já foi investigado em 2012 por fazer “arrocho” ou seja, roubar drogas de traficantes para revender a outros bandidos.
Por último a quadrilha tinha como integrante o policial civil Luismar Castrillon Ramos, que participava do furto de pasta base e cocaína e depois ajudava na revenda para traficantes. Ele chegou inclusive a guardar entorpecentes em sua casa antes do material ser enviado para estados como Maranhão, Goiás e Rondônia.
J1 AGORA