Somando as suas 7 edições mais de 13 mil alunos do 1° ano do ensino fundamental já foram beneficiados com o projeto De Olho no Futuro. A ação tem como principal objetivo avaliar, identificar, examinar e fornecer material de apoio como: óculos e encaminhamentos, de maneira gratuita para crianças com problemas de visão.
Em 2022, cerca de 180 voluntários participaram do projeto e atenderam quase 3 mil alunos, com faixa etária entre seis a sete anos, de 23 escolas públicas sendo 17 municipais e 6 estaduais. A professora do curso de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso UFMT, Campus Sinop (UFMT Sinop) e coordenadora do projeto em 2022, Renata Luvizotto Nascimento, lembrou da importância da visão para o estímulo e qualidade de vida dos alunos.
“O De Olho no Futuro vai auxiliar para que não tenham mais dificuldades na escola, como por exemplo, não compreender o que é ensinado pelo simples fato de não conseguir enxergar. A possibilidade de ter acesso ao oftalmologista, e resolver o problema é um divisor de águas na vida dessas crianças”, ponderou Renata.
Dentre os alunos triados, 700 foram encaminhados para testes complementares e consultas oftalmológicos, e mais de 120 foram diagnosticados com problemas na visão. O que para um dos idealizadores do De Olho no Futuro, o médico e oftalmologista Douglas Yanai, é preocupante, já que os dados do próprio projeto apontam um acréscimo significativo para a necessidade do uso de óculos de grau.
“Neste ano, o número de alunos com alguma queixa oftalmológica aumentou muito, já que em 2019, último ano antes da pandemia, realizamos menos de 200 exames. Mesmo levando em conta que a quantidade de alunos triados pode ser considerada recorde, nós notamos que o número de crianças com problemas na visão vem crescendo consideravelmente nos últimos anos”, destacou o especialista.
De acordo com o oftalmologista, mesmo sem a necessidade dos óculos, o simples relato de coceira, reclamação ou dificuldade para enxergar, podem ser consequência de uma “visão preguiçosa”, e sem dúvidas é motivo de alerta para os pais.
“Alguns estudos mostram que há tendência de aumentar o grau de miopia por uso excessivo do músculo que faz a miose (fechamento da pupila). Principalmente em relação às crianças, que estão em desenvolvimento. Com o período de pandemia (onde o campo de visão era limitado a ficar em casa) veio o uso excessivo das telinhas, somados a uma exposição constante à iluminação artificial. O longo período em ambientes pequenos e usando a visão para distâncias muito próximas, podem ser nocivos e causar riscos e danos irreversíveis para a visão”, afirmou o médico.
Em 2021, o especialista já havia alertado sobre a importância dos cuidados com o uso de eletrônicos. A própria Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças com menos de 10 anos não passem mais de 2 horas diárias em frente às telas.
“Um estudo canadense com mais de 2400 crianças de 2 e 3 anos revelou que muito tempo em frente às telas está associado ao mau desempenho em testes que avaliam o desenvolvimento cognitivo. Então se os pais precisavam de uma “desculpa” para limitar o tempo de tela das crianças, essa é a perfeita”, concluiu o oftalmologista.
O projeto de Olho no Futuro é organizado pelo Hospital Dois Pinheiros, Universidade Federal de Mato Grosso e conta com a parceira de instituições e empresas como Rotary Clube de Sinop Teles Pires, Secretaria de Educação, Esporte e Cultura, Guaporé Vidros, Laboratório Santa Mônica, Óticas Carol, Sicredi, Unicred e Unimed.
Por Julia Briante, BW Comunicação