Túnel cavado por idoso é mais fundo que estação do metrô de SP

Motivado pela busca de um tesouro “revelado em sonho”, o idoso João Pimenta da Silva, de 71 anos, investiu tempo, esforço e dinheiro para escavar um buraco sob o piso de sua residência. Mas a empreitada resultou em uma tragédia nesta quinta-feira, 4, após ele morrer ao cair no buraco de mais de 40 metros de profundidade que escavou em sua casa, em Ipatinga (MG).

Segundo pessoas que o conheciam relataram ao jornal O Globo, ao longo de um período que varia entre quatro, seis e até mais de 12 meses, João cavou o buraco abaixo do solo, com profundidade comparável a média das estações de metrô de São Paulo.

Um exemplo é a estação Pinheiros (SP), que tem pouco mais de 31 metros de profundidade, segundo a Metrô CPTM informou ao jornal. Já no Rio de Janeiro, a estação Cardeal Arcoverde, conhecida como a “batcaverna” pelos cariocas devido à sua profundidade, apresenta apenas uma diferença de 2 metros em relação aos 40 metros estimados pelos bombeiros no poço artesanal.

O Corpo de Bombeiros afirmou à reportagem que ao atender a ocorrência ficou perplexo com a estabilidade e perfeição da estrutura do poço, equivalente à altura de um prédio de 13 andares.

“Não é natural uma pessoa conseguir cavar um túnel desses”, afirmou uma fonte ligada aos bombeiros, destacando a complexidade da operação. Mesmo para a operação de descida e remoção do corpo do idoso, a equipe de resgate teve que utilizar máscaras, cilindros de oxigênio e dispositivos de proteção pessoal.

No local, o cenário encontrado junto ao túnel revelou ferramentas consideradas arcaicas, como compressores e um martelete. João e seus ajudantes utilizavam uma estrutura de madeira semelhante a um balanço infantil para descer e subir no poço.

Um vizinho do idoso, Arnaldo da Silva, relatou ao O Globo que há mais de um ano acompanhava a busca de João pelo tesouro, alertando-o sobre os riscos. João, no entanto, obcecado pela ideia de encontrar ouro, vendeu todos os seus bens, incluindo propriedades alugadas na região. Ele chegou a cogitar o uso de dinamites para remover uma pedra que interrompeu a escavação nos últimos dias.

“Ele já havia comprado todos os equipamentos, vendeu tudo o que tinha em busca desse ouro”, disse Arnaldo. O vizinho revelou ainda que João alegava ter ouvido a voz de um espírito, indicando a presença de riquezas no fundo do poço.

A tragédia ocorreu quando João se desequilibrou ao sair do buraco. Segundo a vizinhaça contou ao jornal, um homem conhecido como Ceará, que prestava serviços na escavação, testemunhou o acidente, tentou ajudar, mas não conseguiu evitar a fatalidade.

TERRA.COM.BR